Este projeto inicia se no âmbito territorial com a Península Ibérica (Portugal e Espanha) e a América Central e do Sul (Brasil), e no objeto de estudo com os jornais que se publicam continuadamente há mais de cem anos em Portugal, Brasil e Espanha (este é um objeto dinâmico pois vai abrangendo o estudo de jornais que vão cumprindo os cem anos de publicação continuada).

Em anexo 1 está a lista resultante do levantamento feito pela Associação Portuguesa de Imprensa (APImprensa) em 2017 a partir de sites de jornais e de associações, e, de outras fontes como sites de bibliotecas nacionais. No caso de Portugal e Brasil os dados indicados têm como fonte os registos da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a Biblioteca Nacional de Lisboa e o Arquivo Nacional do Brasil.

O Objetivo deste Think Tank é contribuir para a criação de um Observatório Internacional dos Jornais Centenários (com sede em Alcáçovas, Viana do Alentejo, Évora, Portugal), ver anexo 4, para o lançamento de estudos e recolha de informação sobre a situação digital dos acervos dos jornais Centenários, preparar modelos de boas práticas para o acesso aos dados digitalizados dos jornais centenários, ver anexo 6, com respeito pelos direitos de autor e pela consideração da evolução da utilização do português e do espanhol nos atos jornalísticos desde há 200 anos (1825), promover a utilização pública de dados jornalísticos como elementos fiáveis e confiáveis para a história das comunidades em que os jornais se integram desde o início do seculo XIX.

A promoção deste acervo para fins pedagógicos e educativos será também uma matéria para ser discutida no Think Tank, baseada nas exposições dos jornais portugueses e brasileiros já presentes em diferentes cidades brasileiras e portuguesas (em colaboração com a UCoimbra e a Fundação Joaquim Nabuco (Recife, Pernambuco).

Procurar-se-á também apoiar o reconhecimento dos acervos centenários como parte da «memória do Mundo» (Unesco) e, onde apropriado, como «património imaterial da humanidade», e apoiar a continuidade do estudo anual Deserto de Notícias (UBeira Interior – Covilhã,) anexo 7, estende-lo a novos territórios (atualmente Brasil e Portugal)

São convidados a participar neste Think Tank, cuja reunião de lançamento público terá lugar no dia 13 de dezembro de 2022 na Universidade de Évora (Portugal), instituições académicas e de investigação, associações representativas do setor da Imprensa, dos jornalistas e da sociedade civil (de âmbito nacional ou regional), especialmente preocupadas no combate a desinformação e às fake news.

Os trabalhos do Think Tank serão tornados públicos na conferência anual de Alcáçovas; uma segunda conferência deverá anualmente trazer a público a evolução internacional deste projeto, e de outros semelhantes no âmbito da Unesco, do Conselho da Europa e das Instituições da União Europeia.

Como base de lançamento deste Think Tank, para além dos trabalhos de recolha de dados e de organização de modelos expositivos realizados desde 2013 pela APImprensa, e desde 2017 em conjunto com a Associação de Imprensa de Pernambuco (Recife, Brasil) AIP, e desde 2021 com a Universidade Federal de Pernambuco, ver anexo 5, terão um papel relevante os contributos das Conferências para a História do Jornalismo em Portugal (UNL, 2018/2022), ver anexo 2, e de trabalhos sobre ferramentas digitais como a aplicação Millage (UAlgarve), ver anexo 3 ou estudos sobre o grafismo dos jornais centenários, evolução e significado (Instituto Politécnico de Tomar).

Finalmente o Aveiro Media Competence Centre (AMCC – UAveiro, Parque de Inovação e tecnologia de Aveiro e APImprensa) trará à base de conhecimento de partida deste Think Tank uma componente tecnológica na área da IA, sem esquecer a segurança e a luta contra a pirataria, a que se espera, em curto espaço de tempo, adicionar as capacidades e competências do Laboratório Hercules (UÉvora)https://www.hercules.uevora.pt/ e do Google Arts & Culture https://artsandculture.google.com/ .

É com grande expetativa que antevemos a participação dos investigadores académicos das Universidades Espanholas de Madrid, Salamanca, Santiago de Compostela e Saragoça, que convidamos, bem como de instituições como a Biblioteca Nacional de Lisboa ou a Hemeroteca de Lisboa, e ainda, do Arquivo Nacional do Brasil, bem como de proprietários e jornalistas que trabalham nos jornais centenários.

A seguinte reunião deste Think Tank devera ter lugar na 2ª metade do primeiro semestre de 2023, a cargo da Universidade Federal de Pernambuco e, ainda, no outono de 2023 a reunião em Alcáçovas deverá ser o momento de lançamento do Observatório Internacional dos Jornais Centenários, assinalando também o início de um ciclo de trabalhos sobre os jornais e a Revolução dos Cravos que comemora 50 anos de liberdade de Imprensa e Democracia em Portugal, em 25 de Abril de 2024.

11 de novembro de 2022

 

Nunca foi elaborada uma história do jornalismo em Portugal. Esta primeira conferência internacional dedicada a este tema pretende contribuir para a construção dessa história. Organizada no âmbito do projeto “Para uma história do jornalismo em Portugal”, a conferência partilha os seus objetivos, a saber: 1. Construir, diacronicamente, uma história cronológica e narrativa do jornalismo português que leve em conta, sincrónica e contextualmente, condicionalismos normativos, políticos, económicos e culturais e de modelo de negócio; 2. Realçar exemplos que documentem a evolução das práticas jornalísticas e do discurso jornalístico em Portugal, inferindo, a partir dos exemplos discursivos e da praxis jornalística, qual foi a influência do jornalismo na sociedade portuguesa, em especial na esfera pública; 3. Produzir uma história dos jornalistas em Portugal que apure as mudanças ocorridas no conceito de “jornalista“ e nas competências exigidas aos jornalistas e que apure, igualmente, os reflexos que essas mudanças tiveram no jornalismo, no recrutamento de jornalistas e na influência, posição e papel social do jornalismo e dos jornalistas; 4. Periodizar a evolução do jornalismo português comparando-a com a evolução do jornalismo noutros países ocidentais, tendo em conta o contexto legal, político, económico e cultural.

A Universidade do Algarve desenvolveu a plataforma MILAGE para a aprendizagem e pode ser usada de forma interativa no âmbito do grupo de trabalho do think tank e do observatório para a promoção da memória jornalística dos jornais centenários de uma forma geral e, em particular, aproveitando as potencialidades desta plataforma em contexto educativo, com mais de 150 000 alunos em Portugal e internacionalizada em Espanha, com o objetivo de ser uma plataforma global, com patente registada nos EUA, planeando também a sua disseminação na América Central e do Sul. Daqui resultará a possibilidade da sua exploração em projetos educativos ficando estes recursos igualmente disponíveis em formato digital.

Do Deserto de Notícias à Floresta da Memória”

Participar nas Comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil com um acervo 56 jornais portugueses e brasileiros que se publicam continuadamente há mais de cem anos (os mais antigos de 1825 e 1835 respetivamente) e retratos fotográficos de 30 personalidades do mundo da cultura e do jornalismo e que mostra também a importância do tratado de Alcáçovas (1479), como elemento de ligação e de entendimento para o reconhecimento de um Mundo Novo, é o objetivo dos promotores da exposição jornais centenários de Portugal e Brasil – um legado cultural.
Ao oferecerem a possibilidade de jornalistas, políticos e ativistas culturais que construíram desde o inicio do seculo XIX (1825 – Diário de Pernambuco) as bases da memoria coletiva da nova Nação, os promotores (Município de Viana do Alentejo, Associações de Imprensa de Portugal e de Pernambuco) desta exposição – jornais centenários de Portugal e Brasil – um legado cultural,
integrada no ciclo Do Deserto de Notícias à Floresta da Memória, dão um sinal ao mundo (tao necessário hoje em dia) de que é possível  encontrar soluções para conflitos e diferendos internacionais se os atores dessas situações reconhecerem a importância e o papel do jornalismo, das suas raízes culturais e o valor do conhecimento cientifico ou cultural ou noticioso para promover pensamento e análise, em comum, entre os utilizadores de uma língua e de uma grafia com uma raiz comum.

As notícias referentes aos aniversários da Independência (50 anos em 1872, 100 anos em 1922 e 150 anos em 1972) são uma simbólica mostra da importância da memoria dos jornais centenários, hoje valorizada pelas ferramentas que o mundo digital oferece.

Nesta mostra será posta em relevo a importante longevidade de dois jornais do Estado de Pernambuco que são hoje os dois jornais mais antigos em Língua Portuguesa em publicação continua em todo o mundo, prestes a completarem 200 anos de edição, bem como do mais antigo jornal português em publicação continuada há 187anos, nascido em São Miguel, nos Açores, no ano do 25º
aniversario da implantação da República Portuguesa.

Neste artigo apresentou-se um conjunto de estudos sobre o comportamento informacional dos utilizadores de determinadas comunidades académicas, no sentido de se evidenciar as preferências desses utilizadores no uso dos jornais históricos digitalizados e nas práticas de pesquisa. Após uma breve análise das potencialidades e limitações da digitalização dos jornais, abordou-se, ainda, as interfaces do utilizador e identificou-se, a partir de estudos anteriores, um conjunto de caraterísticas, distribuídas por categorias e propriedades, essenciais ao desenvolvimento e avaliação de plataformas e bases de dados de disponibilização de jornais históricos digitalizados.

O desenvolvimento técnico das bases de dados e a apresentação de um completo conjunto de funcionalidades dependerá, sempre, do investimento possível de alcançar e dos recursos que estes processos de digitalização de materiais impressos exigem.

Sobretudo, se o que está em causa é o acesso livre por parte dos utilizadores, ou seja, sem necessidade de, quer os investigadores, quer as suas instituições de origem, subscreverem o acesso às bases de dados.

Dos estudos existentes sobre o comportamento informacional dos utilizadores, bem como dos trabalhos publicados mais recentemente sobre o desenvolvimento e análise das interfaces do utilizador, sobressai a necessidade de um maior investimento na disponibilização de meios automatizados que assistam os investigadores na pesquisa e acesso aos jornais históricos digitalizados e que lhes permitam, pela facilidade no uso e pela transparência dos resultados decorrentes das aplicações tecnológicas, desenvolver novos métodos de investigação e encontrar novas interpretações para os seus objetos de estudo. Deste modo, será relevante acompanhar a evolução dos estudos experimentais em curso sobre, por exemplo, o processamento de linguagem natural aplicado aos jornais históricos, o reconhecimento automático de entidades através de ligação a ficheiros de autoridade ou as aplicações para análise de sentimento.

A finalizar, sublinha-se a necessidade de se prosseguir com o estudo do comportamento informacional de utilizadores de jornais históricos digitalizados, sobretudo em diferentes comunidades, académicas e não académicas, para se possa compreender as alterações aos padrões de investigação e a consolidação das práticas de pesquisa. É, pois, o conhecimento aprofundado das necessidades informacionais dos utilizadores que permitirá fundamentar a exploração de mais funcionalidades técnicas dos recursos em análise neste artigo e contribuir para a definição das melhores práticas de agregação e disponibilização de jornais históricos digitalizados

Pestana, O. (2021). O acesso aos jornais históricos: Considerações sobre o desenvolvimento de coleções digitalizadas.

Revista Media & Jornalismo, 21(39), 162– 174. Https://doi.org/10.14195/2183-5462_39_8

Submetido | Received: 2021.03.17

Aceite | Accepted: 2021.05.20